segunda-feira, março 08, 2010

Oscars



Pela primeira vez em muitos anos (talvez desde 1995) não vi os Oscars. Nada. Nem a abertura, nem a Red Carpet, nem o final da noite com os Oscars "grandes", NADA! A televisão belga não ajudou e o computador escolheu, precisamente, a noite de ontem para ficar sem cabo, o que me impediu de acompanhar a cerimónia online. Por isso mesmo, não posso comentar a apresentação de Steve Martin e Alec Baldwin, nem os acceptance speaches, nem os momentos musicais ou o clássico filme de abertura.

Posso, porém, comentar os prémios atribuídos (e as nomeações que faltaram) e, naturalmente, a RED CARPET (em posts que se irão suceder). Começando pelos prémios e fazendo desde já o aviso que não vi todos os filmes concorrentes e que não tenciono ser imparcial:

Melhor actor: como sempre, estava num dilema. Clooney contra "os outros". Clooney só pelo facto de ser o Clooney, embora tenha perfeita consciência de que Clooney a fazer de Clooney não dá direito a Oscar. E é isso que se passa em Up in the Air. Já Morgan Freeman (Invictus) e Colin Firth (A Single Man) mereciam todos os prémios pelas suas maravilhosas interpretações, como Mandela (é difícil interpretar uma lenda vida) e George, respectivamente. Mas talvez destacasse o "Mr. Darcy" este ano, pela forma irrepreensível como dá vida a um torturado e amargurado professor, naquele que planeara ser o último dia da sua vida. Não há naquela interpretação lugar ao exagero, ao preconceito, ou ao lugar comum. É simplesmente brilhante!

Melhor actriz: categoria em que concorriam dois pesos-pesados - Helen Mirren e Meryl Streep -, mas na qual se destaca uma "novata" que dá vida a Jenny no drama "An Education". Tal como Firth, também ela faz uma interpretação contida, sem cair nos lugares comuns ou na vulgaridade, de uma jovem estudante inglesa que prefere viver um sonho, mesmo sabendo que possivelmente o preço a pagar pela ousadia será alto. Não vi, porém, a interpretação de Sandra Bullock, actriz que não gosto particularmente e que não consigo deixar de associar à Miss Detective!

Argumento original - mais uma vez repito que UP merecia ganhar nesta categoria por ser uma metáfora fabulosa do que é a vida, sem usar clichés e sem ser moralista (pelo menos no que é a forma clássica do moralismo Disney). Inglourious Basterds também teria sido uma escolha adequada, premiando a originalidade!

Realização - aqui tenho profundas divergências com a Academia! Como é possível Tom Ford não estar nomeado???? Tudo bem que vem da moda. Tudo bem que é estreante. Tudo bem que pegou num tema polémico. Mas se há uma coisa que o filme "A Single Man" tem de extraordinário, é a realização. O uso da cor (que vai do sépia às cores vivas), os planos, a câmara que viaja pelos pensamentos do protagonista, tudo é trabalhado com particular cuidado e o resultado final é brilhante. Mas destaque também ao mestre Tarantino - que estava nomeado -, pelo fantástico trabalho atrás da câmara em Inglourious Basterds.

Melhor filme: esta ano não vi nenhum filme que merecesse, de caras, o prémio de Melhor Filme do ano. Mas, dos 10 nomeados, talvez escolhesse o Inglourious Basterds. Mas lá está, não é "policamente correcto" o suficiente para encantar a Academia. É bem melhor premiar uma história sobre o Iraque, agora que estamos em "ressaca W. Bush".